segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Experimentando o amor no colo do Pai

Por Vanessa Trotta

No momento mais difícil da vida, provei do verdadeiro amor de Deus. No dia 27 de dezembro de 2008, um acidente de carro tirou a vida da minha avó paterna e da minha madrinha. Ao ver minha família envolvida nessa tragédia, a primeira reação que tive foi a de clamar ao Senhor: “Pai, por favor, carregue-me no colo!”. Sentia-me tão desprotegida, tão confusa, sem saber para onde correr, pois um sentimento de profunda tristeza tomava conta de mim. Ao enfrentar tamanha dor, não conseguia entender porque a vida de cada um de nós, membros da família de meu pai, deveria seguir por aquele caminho de sofrimento. Foi quando me lembrei da frase guardada no meu coração: “nada pode nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”. Ele não nos deixa passar por algo que não podemos suportar.
Quando uma criança chora ou se machuca, por extinto a pegamos depressa no colo e começamos a consolá-la, almejando proporcionar a ela a sensação de proteção, como a que foi experimentada no útero materno. Então, a criança se acalma, abraça-nos, e retorna ao chão quando tem a certeza de que está segura. Naquele momento de perda e de imensa insegurança em minha vida, através da fé, pude voltar a ser como uma criança, pois sabia que no mesmo instante Deus me pegaria no colo e não me deixaria caminhar sozinha. Estando ali, sendo consolada no colo do Pai, comecei a interpretar a tristeza como parte da vida, enfrentada com a convicção de que não importa o que aconteça, sempre terei esse abrigo de amor quando precisar. Percebi que meu Pai sabia exatamente como eu me sentia, pois, por um momento, Ele também vivenciou a perda de seu filho amado.
Com o passar do tempo, queria compartilhar com meus pais, irmão, tios e primos o acalento encontrado no colo de Deus. Cheguei a pensar que eles não entenderiam, mas quem não estava entendendo era eu. Eles também haviam encontrado refúgio no Senhor, cada qual a seu modo, e até então eu não compreendia que Deus trata cada filho de forma única, repleto desse amor que de tão intenso chega a ser constrangedor. Só comecei a perceber isso porque via em cada amigo, em cada familiar e em cada irmão a expressão do amor divino figurado por meio de gestos, palavras de consolo, orações, telefonemas, olhos recheados de lágrimas, abraços apertados, coração contrito. Experimentei a aconchegante companhia do Espírito Santo manifestada em irmãos, principalmente nas horas de solidão. Assim, aprendi que o amor de Deus está dentro de cada um de nós, e quando estamos juntos, ele nos completa.
O amor de Deus se faz presente de várias formas em nossas vidas, porém, nas situações mais difíceis, ele transborda, sarando nossas almas. Prová-lo foi como render-me a um estado de graça misturado à dor de contemplar uma imensidão sem poder retribuí-la. A saudade permanecerá sempre e a dor vem sendo estancada no peito; o que nos mantém firmes é a manifestação do amor de Deus, que enviou-nos o seu filho, Jesus Cristo, e com Ele a esperança da vida eterna. Por isso somos constantemente gratos e também responsáveis por transmitir a todos os seus filhos esse amor revelado a nós.
Pastoral do mês de agosto

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