quinta-feira, 20 de agosto de 2009

CONSCIÊNCIA MORAL


Por Hermann A. Rodrigues
Segundo o dicionário Aurélio, consciência é o atributo pelo qual o homem pode conhecer e julgar sua própria realidade, é o seu senso de responsabilidade, que está intimamente atrelado à sua capacidade de estabelecer julgamentos morais dos atos realizados. Moral, por sua vez, consiste no conjunto de regras de conduta ou hábitos julgados válidos, brio.

Percebe-se que o conceito de moral é passível a distorções, uma vez que um bandido pode considerar um hábito válido a conduta do crime. No entanto, a verdade é que não há outro sentido para moral senão o da conduta digna e justa para o bem individual e coletivo, e disso, até o bandido sabe. Assim sendo, consciência moral pode ser definida como senso de responsabilidade digno e justo de um indivíduo.

Para nós, cristãos, é muito claro o grau elevado de senso de responsabilidade digno e justo que Jesus possuía e que isso vinha de Deus, porque, como o próprio Cristo disse várias vezes, Ele fazia o que o Pai o ensinou. Mas, se um Pai ensina as mesmas coisas para os vários filhos, então por que não praticamos a consciência moral de Cristo, uma vez que somos filhos do mesmo Pai? Que consciência moral temos se não lutamos pela paz? Que consciência moral temos se vemos todos os dias nosso próximo sofrer com a fome, com a indiferença, com o abandono e não fazemos nada? Que consciência moral é essa que permite assistirmos calados todo tipo de violência contra nossas crianças? Que consciência moral temos se conhecemos Cristo, somos chamados de cristãos, mas não praticamos Cristo? Que consciência moral é essa que nos permite condutas repreensíveis?

Jovens, está em nossas mãos a habilidade para transformar o mundo. Quando éramos crianças ouvíamos que seríamos o futuro (bom) do país. Hoje, ouvimos e falamos esta mesma frase sobre as crianças de agora, sendo que nada ou muito pouco fizemos neste futuro. No entanto, vimos pessoas extraordinárias lutando e transformando o mundo durante nossa infância; mas, e as crianças de hoje, quais são as suas fontes de inspiração para o amanhã? E porque deixarmos para elas o que é dever nosso hoje? Não estaríamos protelando uma responsabilidade que é nossa!? Sejamos hoje para nossas crianças as pessoas admiráveis que outrora povoaram nossa realidade, pois assim estaremos também praticando nossa consciência moral.

Cristo era arrojado, dinâmico, moderno e valente. Além, é claro, de doce, misericordioso e compassivo. Se somos cristãos devemos assumir tais características. Jesus indignava-se diante das atrocidades de seu tempo e, com responsabilidade, reagia a tais problemas. E nós, não vamos fazer nada, sequer tomar posição frente à balbúrdia política e à barbárie social cotidianas? Ah! Esse é o problema. Tornou-se cotidiano ver crianças serem mortas impiedosamente; ver adolescentes serem vendidos para prostituição por quatro garrafas de cerveja; ver famílias inteiras passando fome debaixo dos viadutos ou em favelas sujas; ver a fé ser comercializada; ver homens, mulheres e crianças se prostituindo para não morrerem de fome; ver filhos espancando e matando os pais e pais fazendo o mesmo com os filhos; ver nossos educadores acuados; ver pessoas honestas serem ridicularizadas por esta virtude; ver estupros e assassinatos e toda sorte de atitudes desumanas.

Estamos nos acostumando com essas tragédias e isso não é bom! Não devemos e nem podemos nos acostumar. Isso não é normal. Conformar com essa loucura é entrar em estado de coma moral profundo. É ir para o lado oposto ao de Cristo. Não podemos nos conformar. Lembremo-nos de Paulo aos Romanos: “Não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. (Rm 12:2.)

Como já disse: Cristo era moderno e arrojado. Não há mal em ser moderno, ter mente em renovação, desde que não percamos os valores que vêm do nosso berço: a honestidade, o respeito, a caridade, a solidariedade, o carinho, a verdade, a dignidade, a justiça e o amor. Com a renovação da nossa mente, preservação e prática de nossa consciência moral podemos fazer coisas infinitamente belas e, acreditem, podemos até transformar para o bem este mundo caduco no qual vivemos, mesmo que seja o mundo contido há dois metros de você, mas tudo que estiver nesse raio de alcance poderá conhecer Cristo; a boa, agradável e perfeita vontade de Deus; ser mudado e propagar também a verdade transformadora que é Jesus Cristo.
Pastoral do mês de junho.

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