terça-feira, 27 de abril de 2010

Deus não se cala no deserto

Por Vitor Gomes Batista

O deserto é um cenário marcante na história do povo de Deus. Ao sair do cativeiro no Egito, os israelitas, liderados por Moisés, vagaram durante 40 anos em busca da terra prometida. Eles poderiam ter percorrido o trajeto, mesmo a pé, em alguns dias. Se considerarmos o exemplo dos israelitas, percebemos que eles se sentiam perdidos, pois ficavam amargurados com a demora e dificuldades, alguns até cogitavam em voltar para a terra da escravidão, embora estivessem sendo guiados por Deus. Diante desse fato, sempre tentamos entender quais motivos teria o Senhor (mesmo sendo uma ousadia nossa) para permitir que seu povo ficasse tanto tempo à espera da promessa.

Mesmo diante de todo o clamor e murmuração daquele povo, Deus nunca desamparou seus escolhidos. Quando de dia o sol era escaldante, uma nuvem oferecia sombra, quando à noite o frio era intenso, uma coluna de fogo iluminava e aquecia, quando havia fome, desciam codornizes e o maná do céu. Dessa forma, Ele cuidava de seu povo.

A murmuração dos israelitas começou logo após a travessia do mar vermelho, pois estavam com sede e o único lugar que havia água, era um tipo de oásis, chamado Mara, de águas amargas. O povo reclamou, Moisés intercedeu perante o Criador, e as águas se tornaram doces. O mais interessante neste episódio é o fato de, recentemente, um documentário produzido pelo Discovery Chanel apontar que, na verdade, as águas de Mara eram também medicinais, pois curavam algumas verminoses contraídas pelos hebreus ao tomar a água barrenta do Nilo. Mais uma vez é a demonstração de Deus tratando de seus filhos.

Enquanto o povo murmurava, não percebia o quanto Deus agia e tratava de suas mazelas e de suas necessidades físicas. O deserto está tão presente na vida de cada cristão, sendo maior exemplo o de Jesus. Depois de ser batizado, ele foi conduzido ao deserto, pelo Espírito, e lá foi tentado durante 40 dias por satanás. Deus permitiu a tentação do Filho do Homem. A Bíblia diz que Deus não tenta ninguém, mas permite acontecer. Na oração do Pai Nosso, Cristo nos ensina a rogarmos para não cairmos em tentação.

Embora na vida espiritual do crente o deserto seja um período muito difícil, ele deve ser encarado como uma experiência positiva no relacionamento com Deus. Quando atravessamos o deserto, seja por motivos de luto, de doença na família, de desemprego, de dificuldades financeiras, de depressão, de injustiça, de desânimo e de tantos outros, parece que Deus está calado diante dos nossos sofrimentos. Não sabemos o tempo de duração, nossa ansiedade intrínseca à característica humana quer ver tudo acabado, tudo resolvido. Algumas vezes, temos vontade de desistir e murmuramos igual ao povo de Israel. Nesse momento, em que a solidão de cada um bate à porta, com certeza Ele está nos curando, nos fortalecendo e nos tornando íntimos da Sua presença. Basta ter fé e entender que, após todas as passagens pelos desertos da vida, as dificuldades não irão acabar, mas com certeza estaremos mais fortes para enfrentá-las, porque assim é a vontade de Deus. Enfim, o deserto é um momento de tratamento espiritual e maior intimidade com o Criador.

Pastoral do mês de abril


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