terça-feira, 20 de julho de 2010

A Ética Cristã, o Moralismo e o Amor


Por Pablo Ribeiro

Ao sugerir que se falasse sobre ética e vida cristã nós, jovens, pensamos a priori em uma conotação onde se colocasse num paralelo a ética e a moral, avaliando aquilo que tange a vida do cristão, definindo-o como tal e como emergem questões referentes à coerência entre discurso e ação. Quantos cristãos, especialmente nós, protestantes, já foram cobrados por condutas que tornaram-se caricaturas do crente, em virtude de um discurso simplista da moral que elenca os perfis dos “verdadeiros cristãos”? Eis um lugar onde nos deparamos com um limiar que distingue a moral do moralismo, afinal, a moral diz respeito à uma conduta essencialmente própria do indivíduo, enquanto o moralismo irá tratar da conduta do outro. A relação entre moral e ética, já deu pano pra manga, mas como se dá esta dimensão quando a moral é substituída pelo moralismo?

A ética parte de um pressuposto maior, englobando a sociedade de forma totalitária. Uma conduta pautada na ética deve ser boa para a sociedade em geral e não para alguém especificamente. Podemos citar, assim, vários dilemas onde se contrapõem moral e ética, como, por exemplo, um pai que presencia um crime cometido pelo seu filho. Este pai tem o compromisso ético de zelar pelo bem estar social, cumprindo com normas estabelecidas que o conduziriam a uma ação onde precisaria denunciar seu filho. No entanto sua moral, que é revestida por uma sustentação lógica e coerente, lhe diz que como pai, ele tem a obrigação de proteger o seu filho. Os dilemas éticos, grandes ou pequenos, são hoje os principais responsáveis pelos cristãos se tornarem cada vez mais moralistas. Aliás, não os dilemas, mas uma certa dificuldade em lidar com eles, o que acaba resultando em um certo radicalismo que tende a uma demarcação de território para determinados grupos cristãos, acaba por ocorrer uma padronização do comportamento daquele que deseja se filiar e, conseqüentemente, acaba implicando numa vigilância por parte de lideranças que acabam por cair na prática do dito moralismo.

Mas e a nossa comunidade? Onde entra nesta história? Jesus Cristo acolheu àqueles a quem todos julgavam à margem da moral, desde a prostituta ao chefe dos cobradores de impostos, bem como esteve neste mesmo lugar ao assumir, tantas vezes, atitudes de subversão. Sendo assim, em primeira instância, a Ética Cristã já se contrapõe ao moralismo. Talvez esta consciência seja a maior das virtudes de nossa comunidade, que possui tantas outras. No entanto, é seguro que sejamos zelosos para que o moralismo não se instale em nossas mentes e corações de forma velada e, assim, julguemos ao irmão quando este precisa acima de tudo do nosso amor. Afinal, pressuponho que, para Cristo, por tantas evidências, a fundamentação da ética, que constitui um bem estar para todas as instâncias da sociedade, se baseia exclusivamente no amor.

Pastoral do mês de junho

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